quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Seguindo o caminho do Yoga

Yoga é um caminho para atingir a liberação.
Mas o que seria isso numa forma prática?
Quando pensamos nisso sempre vem a imagem de uma pessoa isolada do mundo, nos Himalaias, numa caverna ou solitária em seu canto.
Na verdade o objetivo do Yoga é estar consigo mesmo, de uma forma harmônica e respeitosa, conseguir viver e conviver de maneira feliz, independente da situação, boa ou ruim.
Fácil falar, e muito difícil na vida real. Mas, como diz nos Yoga Sutras, com muita prática, por um longo tempo, com paciência, compaixão, determinação, e seguindo alguns princípios, isso é possível.
Tentar viver melhor só depende de nós mesmos, não tem como culpar o mundo, as pessoas, toda a civilização, os governates, etc... e não olhar para si. Como dizia Gandhi, "Seja a mudança que você quer no mundo"!
É muito importante ter a consciência de quem você é, o que faz aqui e o que quer fazer de sua vida.
Seus atos, só dependem de você, e através deles você receberá seus frutos.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Prasada



Estar na Índia nos deixa mais sucetível a vários acontecimentos. Na verdade, ficamos mais atentos a tudo, temos mais tempo de nos observar, focar na prática, nos estudos dos Yoga Sutras, chanting (canto de textos em sânscrito) e aproveitar o tempo livre.
Tudo que acontece na nossa vida tem um sentido, e se estamos atentos conseguimos saber o porquê, a consequência de alguma atitude nossa. É o que chamamos de ação e reação, da forma que agimos recebemos o mesmo do universo, sendo coisas boas ou nem tão boas.
Hoje aconteceram algumas coisas bastante interessantes. Estamos fazendo um grupo de estudos diário dos Yoga Sutras, trouxemos cds de palestras da professora Glória Ariera, que ensina Vedanta no Rio de Janeiro. Sempre que a ouvi me emocionei, e aqui está sendo da mesma forma. Tratando sobre os obstáculos que a mente nos traz para alcançar o conhecimento, ela falou bastante sobre prasada, que significa em sânscrito presente, oferenda. Algo que é entregue sem nenhum interesse, é oferecido e se recebe numa atitude de alegria, como algo que vai abençoar a pessoa que recebe. Então prasada é oferecido, por exemplo, num templo, e o que é entregue é retornado à pessoa como uma bênção, e não importa o que foi oferecido deve ser recebido, pois será bom para a pessoa.
Após terminar os estudos fomos almoçar numa casa indiana que serve uma ótima comida, depois fui comprar frutas para o dia seguinte. Compramos uma grande variedade para fazer alguns sucos, foi quando vi umas peras expostas na barraca (que fica na calçada, em frente a rua) e perguntei ao vendedor se estavam boas. No mesmo momento ele pegou uma pera, com suas mãos nada limpas considerando nosso padrão ocidental, cortou em 4 partes com sua faca no mesmo estado, tirou as sementes e nos entregou.
Minha amiga me olhou, como se dissesse não vamos comer... então lembrei: prasada. Não podemos deixar de comer. Aceitamos e começamos a comer, deixando a casca. Ai ele viu a cena e logo tirou a casca da outra metade da fruta e nos entregou! Prasada. Comemos a outra parte, um pouco escura, mas aceitamos. Depois disso, nos deu uvas, também sem lavar. Prasada. E por último chico, uma fruta bem doce (que minha amiga não gosta muito), porém com casca. Prasada. Depois de tudo isso eu disse que era suficiente, tinha acabado de almoçar. E por fim, recebemos um desconto.
É dia de festival, que os indianos fazem orações, pintam as vacas de amarelo, entregam comida a elas, enfeitam com flores, pulam fogo...tudo isso aconteceu na porta de casa. Fui ver de perto e tirar fotos. As crianças adoram, chamam nossa atenção, querem tirar muitas fotos e fazem graça. Os mais velhos me chamaram para participar de perto, gostaram também das fotos e por último recebi prasada! Sim, novamente a oferenda. A senhora indiana saiu de sua casa e com um pratinho, me ofereceu algo que não consegui identificar, mas claro, aceitei e comi.
Aqui na Índia é muito presente essa atitude. Mas na cultura ocidental não é um costume, talvez em outra situação eu poderia ter ficado receosa, e simplesmente não ter aceitado. Ainda tenho muito o que aprender por aqui, mas sei que aceitei de coração, com a mente tranquila, sabendo que será bom para mim.
Namaste!