quinta-feira, 6 de maio de 2010

Dualidades: união e sequestro

Foi um dia de sexta-feira bem tranquilo, como sempre. Acordei antes do sol nascer, peguei estrada em direção a Mairiporã, numa manhã linda, iluminada pelos primeiros raios de sol. Dei aula, depois pratiquei sozinha em casa. Almocei com a Cris, uma amiga muito amada, tivemos, como sempre, papos profundos com muito amor. Fui às 14h para o Instituto, onde dou aulas. Toda sexta estudamos os Yoga Sutras. Logo encontrei a Re, minha amiga, irmã, aluna, etc etc...e ela me diz que teve um pesadelo. Achei estranho, ela nunca me falou sobre isso. E contou todos os detalhes, impressionante, ela lembrava de tudo. Estávamos nós duas e seus pais, num carro, na rua de trás. Passamos em frente ao Instituto e tinha uma caçamba e um outro carro. A janela da frente estava totalmente quebrada, na sala de Pilates não havia nenhum aparelho. Ladrões armados levando tudo... Um deles abriu a porta do carro, me pegou pela blusa e me lançou longe... Nossa! Muito forte. Mas não ficamos presas a isso e então, fomos estudar.
Resumindo, a idéia principal nesse dia tratava sobre Ishvara, forma que a força divida é chamada em sânscrito. Tudo está conectado, nada está separado, a mesma energia da criação está em tudo que é material e não material. Não somos pessoas separadas de um ser chamado Deus, essa energia divina está em tudo que vemos e não vemos. Então, Deus está em tudo, inclusive, dentro de todos nós.
Depois, assistimos um documentário sobre a India e um trecho do filme Enlighten Up. Dei aula às 18h30, e foi uma aula ótima para a Re aluna, que conseguiu dar um grande passo na prática, até falei que precisávamos comemorar.
Às 20h30 só restou nós duas no Instituto, todos foram embora e nós fechamos a escola.
Foi quando a paz que a gente sentia foi colocada em prova por um fato que eu achava que nunca na vida ia passar...sequestro relâmpago...
(preciso confessar, esse texto está parado aqui a mais de 1 semana, então prefiro omitir os detalhes, pois escrever é reviver tudo, e esse dia me causou um trauma, que ainda está marcado. Então, transmitirei a idéia principal do que ocorreu)
Um cara sozinho estava subindo a rua e nos viu, logo lembrei: o sonho! Eu estava com a porta aberta do carro e a Re tinha acabado de apagar a luz que fica do lado de fora. Ele logo sacou a arma e mandou a gente entrar no carro, ele foi dirigindo. Antes de ele entrar no carro, num momento de ação ninja, eu passei para o banco de passageiro, abri a porta e lancei minha bolsa e a maleta com meu computador (foi tão rápido que com certeza não consigo repetir a cena, devo ter pensado...esse cara não vai levar meu mac da Thailândia, outra pessoa pode ter a sorte de achar, mas não ele). Tudo foi parar bem do lado do carro da Rebecca, e tive muita muita sorte que ele não viu....só ouviu a porta fechando e eu respondi que estava fechando a porta que estava aberta. Enfim, de lá rodamos sentido Vila Guilherme, Vila Maria, ele ameaçava, dizia que não queria gastar bala a toa e que meu velório custaria mais caro do que tirar dinheiro do banco...coisas desse tipo. Eu só pensava: não quero ser lançada do carro (como no sonho), então vou agir bonitinho. Por fora, a gente passava muita tranquilidade, em nenhum momento ficamos trazendo qualquer tensão ou desespero, e acho que isso foi acalmando a situação, pois o que percebo hoje, observando o que aconteceu, é que ele entrou na nossa onda, e não a gente na onda dele. Digo isso por que foi passando o tempo e vi que o cara começou a puxar assunto comigo, o que parece bizarro, mas até de yoga falamos...ele me chamava de professorinha, perguntou pra que yoga era bom, e se tinha ladrão que praticava yoga.
Foi tudo muito estranho, a começar pelo sonho. No fim, já que ele não conseguiu muito dinheiro, indignado por a professorinha desapegada, sem bolsa, carteira, documento, celular...nada! Pediu um favor para a Rebequinha, parar na farmácia para comprar 2 caixas, 4 comprimidos, de Cialis, que é caro e ele consegue vender fácil. Perguntei para quê era o remédio. E ele responde: é Viagra, sabe? Pra quem é brocha! ... Fiquei imaginando a cena: Re, 19 anos, no Drogão, 6ªf., 22h, comprando Viagra...R$300!!! Só torcia pra ela não falar nada, queria que tudo aquilo acabasse logo, sem ninguém se machucar, sem tiroteio, polícia. O próximo passo era: deixa-lo no metrô e a gente seguir nosso caminho. E foi o que aconteceu. Ele desceu no metrô Jardim São Paulo e nós voltamos ao Instituto.
Minhas coisas? Estava tudo lá! Uma alma iluminada, que não sei até agora quem é, passou, viu tudo largado no chão e avisou quem deveria avisar naquele momento.
Voltamos para casa assustadas. Em choque. A mente completamente confusa com o que aconteceu. Sabendo que estamos MUITO protegidas, sempre.
Fica a lição, o alerta, a história. Passou.
A vida é cheia de emoções, boas e nem tão boas. Mas assim caminhamos e aprendemos.
O real sentido do yoga em nossas vidas? União. Presença. Saber lidar com as dualidades, que se manifestam a todo tempo.
Ninguém tirará de mim a minha LIBERDADE.

Loka samasta sukhino bhavantu
OM Shanti Shanti Shantih
Que todos os seres, em todos os lugares, vivam em paz.


2 comentários:

  1. ainda é difícil falar sobre isso... foi a situação mais forte que eu vivi em toda a minha vida!
    qdo o cara apontou a arma pra mim, fikei em choque. cada vez q ele me mandava descer do carro pra i no banco era um tormento, pq ele continuava lá dentro com a Ro (irma, amiga, prof...) e não sabia até onde ele chegaria... por fim tive q comprar o 'remedinho' e depois finalmente fomos liberadas. UFA!

    estar com a pessoa certa, sangue frio, união, confiança e MTO yoga foram fundamentais para lidar com td isso com mais calma.

    PROTEGIDAS SEMPRE!! e agr mais do q nunca

    te amo Ro!
    bjoo

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