quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A suprema felicidade sem motivo

Arunachala

A India proporciona alguns encontros que são unicos. Singelos.
Num momento completamente perdida no tempo, dia em que cheguei em Tiruvannamalai, depois de um almoço delicioso (comi um thali como há tempos não comia, de lamber os dedos literalmente), caminhava no estilo zumbi, procurando um lugar para ficar 5 dias por aqui.
Já que meu amigo morou aqui a 1 ano e meio atrás, conhece algumas figuras que moram ou voltam sempre aqui. Um hungaro estava nos ajudando, ele já tinha visto dois lugares, mas por um tinhamos que esperar o dono trazer a chave. Foi quando encontramos uma senhora, que ele conhece, que nos ofereceu: "come, let`s go to our roof, stay at the shadow". Com o sol na cabeça completamente fora de serviço, fomos contentes para a sombra.
Foi lá que conhecemos o seu marido, que já esqueci o nome. Um figura de uns 60 anos que sempre volta a Tiru, e fala daqui com um sorriso enorme, nos perguntando, como chegamos aqui pela primeira vez.
A maioria respondeu...destiny, of course. E essa foi sua resposta. Destino. Mas, por que volta sempre?
Para subir inumeras vezes a montanha Arunachala. Montanha sagrada, um mito para todos que vivem ou vêm aqui consagrar. Onde milhares de peregrinos sobem, em nome de Shiva. Onde Ramana Maharishi, um sabio ser iluminado, viveu por anos, em uma caverna.
Começou a falar da tão buscada FELICIDADE. Aquela que não tem explicação, e que ele vive, passo após passo que dá nessa subida, todas as vezes, ou seja, todos os dias que está aqui. Contou que sentiu essa felicidade sem motivo na primeira vez que caminhou pela montanha. E quando ele voltou pela segunda vez, "só" para subi-la, viveu 3 meses em Tiruvannamalai, e nesse período subiu Arunachala TODOS os dias. E sua esposa, com muita paciência e amor, assumindo que não está tão feliz assim em viver na India, o acompanha até hoje. Feliz.
Essa foi uma conversa de no máximo 20 min, num estado "nem aqui nem lá", com pessoas que desconheço, no meu primeiro dia na India (da quarta trip), sem pretensão alguma, senão compartilhar o estado supremo da felicidade em cumprir o seu próprio sadhana, a prática espiritual de cada um.

OM Namah Arunachala Shivaya

Abraço mais um ano





Mais um ano se passa.
Mais um ano vem.
Parte dos ciclos da vida.

Partindo do princípio que tudo na vida é abraçado pelos ciclos, concluo aqui nas minhas reflexões que nunca devemos recusar um abraço.
Um abraço, sendo feliz ou triste, é sempre um laço.
Peito com peito.
Coração com coração.
Braços entrelaçados.
Talvez não haja nada mais simples no mundo do que receber e retribuir um abraço.
A vida seria tão mais simples assim, se todos pensassem e agissem desta forma.
Abraçando o que vier, quem vier.
Abraçando a vida e as pessoas.
Abraçando os fatos, bons ou ruins.
Abraçando a si próprio.
Abraçando a Existência.
Que assim seja daqui pra frente.
Em 2011 e para sempre.
Que muitos abraços sinceros sejam compartilhados.
Que todos os seres vivam a vida de Verdade.
Que muitos dedos sejam entrelaçados.
Que todos os serem, em todos os lugares, encontrem a Felicidade.
Dentro de Si.

Feliz vida!!!

Partir

fev/2010 na Thailandia
Estou indo.
De novo.
Mais uma vez essa sensação, de deixar algo, para abraçar outro algo.
Novo.
Deixo aqui um pedaço de mim.
Sinto um vazio. Apertado.
Mas sei que é só sensação física.
A partir do instante que essa ligação é eterna, o tempo-espaço não a desfaz.
É a sensação da matéria.
Da falta e da saudade que está por vir.
Sinto tudo isso e vem lágrimas.
De felicidade.
De liberdade.
Ah, a saudade...
Com a consciência de que sou eterna,
Sigo em frente com meus objetivos.
Se serão cumpridos, depende de mim.
Ou não.
Mas isso não me importa agora.
Dou mais um passo, em direção ao vento.
Me jogo aos ares, em direção às estrelas.
Sinto um novo ar em minha face, em direção ao caminho.
Mergulho na existência, em direção a mim.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A vida na sequência da vida

A vida é uma concatenação de fatos vividos.
Vendo a vida numa sequência lógica, em fatos históricos, datados e passados, todo o presente faz sentido.
Ver tudo o que passou. Lembrar dos detalhes. Reviver dentro de si o não compreendido. E hoje ter o insight de que tudo estava realmente certo, no devido lugar.
Não podia ter sido diferente.
Nada aconteceu tarde demais. Ou antecipadamente.
Na hora certa é o momento correto.
Difícil compreender o sentido de tudo quando acontece, talvez seja porque o fim ainda não chegou, o objetivo não foi alcançado, o aprendizado não foi fixado.
Tantas lágrimas devem ser derramadas.
Tantos sorrisos devem ser mostrados.
Tantas gargalhadas devem ser ecoadas.
Tantas brigas devem ser batalhadas.
Tantos gritos devem ser vomitados.
Encontrar o seu lugar no mundo realmente não é fácil! Tem que ter muita paciência. Persistência. Força.
Experiência pós experiência.
Ato pós ato.
Meditação pós meditação.
Prática pós prática.
Tudo é uma sequência de fatos vividos.
Tudo que é vivido por cada ser faz sentido.
Depois do desespero, da angústia, do medo, da aflição, da sombra, vem um momento, um instante de calma, em que a paz volta e "há uma luz no fim do túnel".
Demorei para compreender o significado da representação da LUZ. Mas ela é o unico meio que temos para sair da escuridão, que limita os nossos sentidos e restringe as nossas ações.
Cada um tem que acreditar no seu potencial, crer de verdade que possui uma força interna que é maior que todas as limitações criadas por si, e olhar para cada fato da vida como um fato, que precede outro fato já vivido e é sucedido por outro fato que está por vir...e assim segue a vida.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Senhor dos Anéis

Acabei de assistir Senhor dos Anéis - a Sociedade do Anel. 
Vocês já devem ter visto, mas sempre tem a hora certa para ver algo, para abrir uma porta, para encarar o medo, para ir em frente...  

Ouçam o coração. 
Uma coisa é certa, cada um sabe o seu caminho, e ele só depende de você.

Frodo e Sam
amizade, fidelidade, entrega

Repetições

Ontem chegaram para mim sete pessoas que conversei sobre o mesmo tema, de diferentes maneiras:
CAUSA --> CONSEQUÊNCIA
Geralmente as pessoas olham para aquilo que ficou escancarado:
Tenho uma dor no corpo
Tenho alergia
Dor de cabeça
Nervosismo
Quase morri ...
E o que fica mais profundo, escondido, ninguém quer olhar.
Por que isso acontece sempre comigo?
Por que tem se repetido?
Por que fui tomado de surpresa?
Por que sofro tanto?
Sim, olhar dá trabalho, requer paciência, compaixão, força, traz mudanças.
Mas em algum momento a pessoa tem que sair do que está estático, senão vai ficar estagnada para sempre no mesmo sofrimento, deixando o circulo do samsara se repetir, e continuar reclamando, que "Deus é injusto", "não tenho sorte"...
Cada um é dono de seus próprios problemas e benefícios, e é o unico responsável por eles.
Cada um só entra no processo se quiser.

Agora, porque tive que repassar esse conhecimento a várias pessoas no mesmo dia?
Repetindo que se aprende. Aproveito também para me observar. E falo ao outro o que também cabe a mim.
O conhecimento deve ser sempre relembrado, para nunca ser esquecido.

Bolsa

AS: Por que mulheres carregam bolsa e homem não?
RC: Porque mulheres acham que precisam de coisas que homens acham que não precisam.


Quantas coisas sem necessidade você carrega em sua vida por achar que necessita delas?

domingo, 5 de dezembro de 2010

Não sou comum, nem impaciente

"Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.

Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, nem se entretiverem, será bem também."

Fernando Pessoa

Despadronizar

Ir para a India é sair de todos os padrões.
Resumindo, é isso.
Pensando nos papéis que assumo na minha vida, quando estou em terras indianas esses papéis se tornam um só. Sou só eu. Entrar em contato com o self.
Mesmo tendo que me adaptar a milhares de mudanças devido a cultura, eu consigo ser eu. Não que aqui em casa eu não seja, mas o foco lá é outro.
Somos seres tão adaptáveis, que mesmo nas mais difíceis condições conseguimos sobreviver.
Diga tchau a qualquer padrão de limpeza. Coma com a mão (direita). Encare muita pimenta. Tire os sapatos. Ouça buzinas o tempo todo. Não espere educação no trânsito. Respire MUITA poluição e ar seco. Esteja pronto para, ao menos, um piriri. Ande vestida da cabeça aos pés. Não mostre ombros, peito, joelhos. Use panos enrolados no pescoço num calor de 40ºC. Escute "Hello Madam" todo tempo, e sorria. Ou "Do you have country coin?" umas 10 vezes no dia. Ache normal andar entre vacas, macacos e bodes na rua. E tenha muita paciência, afinal India é India.
Se eu quisesse conforto, com certeza iria para outro lugar.
Tal como já falei, que tenho que descondicionar para recondicionar, talvez eu tenha que desconfortar para me reconfortar.




sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

1/2 full, 1/2 empty


Várias vezes me vejo querendo compensar um tempo lá na frente, que ainda não veio. Pior que querer compensar um tempo perdido, que já foi, é fazer isso antes.
Ansiedade? Sede de viver? Projeção? Ilusão?
Me vejo indo viajar de novo a India, daqui 25 dias, e quero fazer tudo agora. Já que  não estarei aqui por mais de dois meses.
Já vem saudade, falta, um monte de pensamentos loucos que antecipam uma trip que já conheço bem, mas sei que será completamente diferente das outras.
Sempre é muito bom, intenso pra caramba, acontece tanta coisa por dentro e por fora que 2 meses parecem ser eternos. Ainda mais que, quando volto, preciso de mais um tempão para processar tudo...e ai então, quando dá saudade, embarco de novo. E assim está sendo por 4 anos. Minha casa aqui, volto pra casa lá.
Vejo que o unico sentimento que não muda é essa ansiedade que antecede a ida, que loucura... Talvez seja a ânsia de querer retornar a casinha, voltar para dentro, entrar fundo na prática, enxergar com mais clareza quem eu sou, como estou e o que quero me tornar, além das mudanças que estão por vir.
Eu gosto dessa sensação. Me traz uma adrenalina a busca da descoberta. Viajar por horas..... Atravessar continentes. Ficar perdida no tempo. Viver do outro lado do mundo. Falar outras línguas. Aceitar uma cultura completamente distinta dessa aqui.
Descondicionar o condicionado.
E depois, voltar para a "minha realidade", feliz, renovada, transformada, e tentar manter o que faz sentido para o meu eu.
Enquanto isso, estou aqui. Trabalhando muito para focar no presente, sem sofrimento.





quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Resistência

Tem dias que é tão difícil firmar no tapetinho...
Gostaria de todo dia estende-lo sem reclamar.
Sempre pratico com amor.
E coragem.
Mas...
Praticar dói.
Às vezes dói muito.

O corpo nos recorda de coisas que a mente já se esqueceu.