sábado, 11 de maio de 2013

Ser sem formas





Catálogo de descrição de um produto.
É colocar o que contém de acordo com um conceito.
Uma maneira de mostrar à mente o que é aquilo.
Dar uma forma ao que se vê.
Um nome à matéria.
E assim está definido o mundo que vemos.
Seres humanos com formas.
Nomes de instituições, formações e intelectualizados.
Todos apegados ao produto que é visto.
Ao corpo que executa as ações de acordo com a mente.
Do que sou feito?
Como estou constituído?
Sou diferente.
Faço parte de um grupo, um sistema, estou de acordo.
Definir é catalogar.
É limitar-se a um sistema de regras e mentes.
É colocar-se de acordo a algo para sentir-se seguro, e não estar sozinho.
É distanciar-se da solidão, a unica maneira de estar perto de si mesmo.
Yoga é liberdade, libertação, unir-se a si mesmo na solidão.
Unir-se a si mesmo e se dar conta que não está só.
Que tudo faz parte do mesmo e que nada está separado.
Que não existe certo e errado, nem o adequado.
Tudo é parte de uma percepção mental, definida por um grupo de pessoas que creem ser seres individuais, gerando um ciclo de ignorância que só cria separação.
Sou advogada. Sou ashtangui. Sou yoguini. Sou surfista. Sou casada. Sou bonita. Sou brasileira. Sou magra. Sou vegetariana, vegana. Eu sou….
Não sou nada disso.
Quanto mais creio que sou algo, mais me distancio do ser verdadeiro.
Loucuras da mente…
Ser sem formas e sem catálogo.
Sem diferenciação e sem ilusão.
Yoga é o caminho que me mostra o que não sou.



O real do irreal


OM namah
                             
                                   Arunachala

Shiva

Separar o que é real, do irreal.
É identificar aquilo que passa e olhar para aquilo que está.
O que fica e nunca vai, é.
O que vem e vai, não é.
Identificar é observar, estar atento para saber, ser sagaz no momento de perder.
Saber ir e retornar.
Olhar para o instável e reconhecer que não é.
O pensamento,
O sentimento,
O momento,
Faz parte do irreal.
Querer não é nada mais que fazer parte de um estado mental que não existe.
É irreal.
Sentir não é nada mais que se apegar a um estado mental momentâneo.
A dor, passa.
A raiva, passa.
A paixão, passa.
A emoção, passa.
É irreal.
Os pensamentos se formam pelo irreal.
O apego se dá pela lembrança do que nunca foi real.
Os vícios existem se há apego.
E só através da identificação do que é irreal que um pode se tornar livre do sofrimento e apegos.
Já que só o que é real existe.
E fica.
Tudo faz parte de um jogo mental, onde um desafia a vida, brinca com a morte.
Sofre buscando a felicidade no passageiro.
E esquece de viver o estar agora, com a ânsia de querer ser o irreal.
Não há nada mais real que o agora.
A verdade está em viver a verdade.
Só existe uma verdade real.
Ser a vida agora.