Entrar profundamente no processo de cura.
Mexer no que dói há tempos, para quebrar
as estruturas.
Mover os padrões do mais profundo.
Pressionar a dor para que algo saia do
obscuro.
Por que tem que ser assim tão forte?
Intenso…
Doloroso…
Maluco…
A decisão de vir a Mysore foi bem
objetiva. Quero curar, não
encontro o meio sozinha e tenho fé de que ele pode me ajudar.
Mais de 14h de viagem num ônibus leito.
Viajar na India é uma aventura, principalmente quando se sai da proteção da casa.
E acabamos nos sentindo em casa em qualquer lugar.
Voltar após 2 anos e meio, com outro
foco, que recai no mesmo objetivo.
Akash.
Difícil expressar em palavras tantas
sensações que comumente não são abertas.
Falar de sofrimento geralmente gera
tristeza, mágoa, arrependimento.
Mas o ponto aqui do sofrimento, é
realmente encarar a dor como parte de um processo de cura muito, muito
profundo. De coisas que carregamos no nosso corpo e que não sabemos de onde, ou
porque vieram.
E já que não possuimos a inteligência ou
o conhecimento para sozinhos tirarmos esse incômodo dai, se queremos mudar, a
unica forma (para alguns) é na força, na marra.
Assim foi o tratamento.
Dói. Muito! Parece uma tortura. Com o
conhecimento de um gênio.
Me senti uma criança. Chorando de
soluçar. Desolada. Vulnerável. Exposta. Resistindo a entregar-se. E aprendendo
a soltar no pior momento.
Como se a morte estivesse chegando, e a
mente, querendo dominar, traz a loucura, mas quando percebe que não tem poder
sobre nada, entrega e deixa ir.
Algo do tipo: entrego, confio e agradeço…
Já que não tenho outra escolha.
E assim foi.
Encarei mais uma etapa de um dos
processos de muitas loucuras que resolvi criar para a minha vida.
Sei que essa estrutura vai mudar.
Já são 4 anos de uma lesão na perna que
não foi bem tratada, e com o tempo foi criando tensão na musculatura do quadril
e lombar.
Piriforme. Gluteo medio. Ciatica. Tendão.
Tensão, compressão, rigidez e compensação.
Tudo começou com um corpo rigido, que com
tempo e prática se tornou flexível. Foi em um instante além do que deveria. E
assim voltou atrás, e se encurtou. Tinha a memória, sabia que um dia pôde
executar. Então arranjou outras maneiras erradas de fazer. Totalmente
inconsciente. Desviando do problema.
Até parece que a vida é assim: ‘espera
que o tempo cura’…
Se não faz o que tem que ser feito, o problema fica guardado
escondido, no escuro, bem la no meio, entre um musculo e outro. Não tem como
desviar do que não está bem. Tem que pôr atenção. Colocar luz para ver. Olhar a dor, encarar,
ser forte, cuidar e curar.